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27 Fevereiro 2023

Crédito habitação em Portugal perante a atual situação económica e momento de decisão

O momento económico

Após um ano de 2022 em que, por motivos já amplamente conhecidos relacionados com os efeitos da recuperação pós pandemia e com a guerra na Europa, a situação económica degradou-se a nível global, e em especial na Europa, no que diz respeito à evolução da inflação e consequentemente na subida sistemática das taxas de juro, que representam a principal ferramenta de combate a essa mesma inflação por parte dos países, deveremos estar em condições de encarar o ano de 2023 com algum otimismo, pois após estabilização e início de curva de descida da inflação (Figura 1), tendência que também deverá, na ausência de novo impacto, acontecer na evolução das taxas de juro de referência (Figura 2), o que poderá vir a trazer boas novas, não no imediato, mas no futuro próximo, para as taxas Euribor utilizadas como indexantes do crédito habitação em Portugal.

taxa inflacao banco de portugal
Figura 1

A taxa de inflação aqui apresentada é a taxa de variação homóloga do Índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC). (Banco de Portugal)

euribor janeiro 22 janeiro 23
Figura 2

Evolução da Taxa Euribor 12 meses entre Janeiro de 2022 e Janeiro de 2023

Pode-se ver pelo gráfico que, de facto, a taxa de juro (neste caso Euribor 12) sofreu um aumento muito rápido até Outubro/Novembro, como resposta também às rápidas subidas da taxa de referência (BCE), pela política de combate à inflação, tendo vindo a estabilizar desde então.

Durante este ano, com a gradual, e esperada, descida da inflação para níveis mais aceitáveis, as taxas de juro, que ainda estão em fase de ligeira subida, deverão estabilizar, e a partir daí, a perspectiva em debate será a de, a partir de quando poderão voltar a descer.

Impacto para o crédito habitação em Portugal em 2023

Esta circunstância que se perspectiva de taxas de juro estabilizadas em “alta” durante o ano de 2023 tem levando a que os bancos, incorporando essas expetativas, comecem a apresentar soluções mais adequadas à evolução prevista, garantindo às pessoas a estabilidade desejada, em prestações fixas, durante o período de previsível volatilidade, passando depois para indexação à Euribor, passados 3, 4 ou 5 anos, permitindo assim que quem contrate os créditos nestas condições, beneficiem da futura descida e estabilização mais em baixa dessas mesmas taxas de juro.

Na realidade, o que os bancos estão a dizer às pessoas é que: sabemos que de momento o crédito habitação está agora, conjunturalmente, mais caro, mas queremos garantir a quem contrate agora um período de segurança e proteção contra novos, eventuais, choques e que, assim que a “tempestade” passe, terão a possibilidade de beneficiar da redução gradual nas prestações do seu crédito.

Sendo assim, é ainda aconselhável avançar para crédito habitação em 2023?

A resposta que parece óbvia é estarmos tentados a dizer para que as pessoas esperem, mas existem outros fatores que nos levam a dizer que, apesar de tudo, a resposta a essa questão só deve ser dada, caso a caso, após a avaliação cuidada de cada dossier, de cada projeto.

Note-se que um projeto de vida que leva a um investimento/aquisição de habitação deve ser visto como um todo, com todos os seus 20, 30 ou 40 anos de duração, e não é por em determinado momento, tenhamos uma situação conjuntural ligeiramente mais acima ou abaixo, que podemos desde já estar a tirar conclusões sobre a viabilidade do momento de partida.

Se uma família tem como projeto de vida comprar agora uma casa, e encontra por parte das institíções bancárias uma solução que seja compatível com as suas possibilidades, apesar de saber que as coisas estão um pouco menos favoráveis de que há um ano, por exemplo, deverá ainda assim pondear claramente avançar, pois apesar de saber que nos próximos 30 ou 40 anos do seu contrato haverá momentos melhores e piores, o seu projeto avança, e a constituição do seu património vai começar desde já, a partir de dia em que esse projeto receba a luz verde do banco.

Nunca podemos esquecer também que, ao adiar o início de uma compra de casa com crédito habitação, por cada ano que avançamos na idade, mais caro se torna o esforço mensal quando começarmos esse contrato, pois teremos de pagar o mesmo em menos tempo.

Se o seu projeto de vida neste momento inclui a compra, construção ou qualificação de um imóvel, envolvendo crédito habitação, independentemente do momento, o melhor conselho continua a ser o de consultar um especialista, que o acompanhará, com prós e contras para que se tome a decisão em posse da melhor informação possível.

Que continue a ser um 2023 de excelentes decisões!

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