Sabemos que é tradição para a comunidade portuguesa emigrada um pouco por todo o mundo procurar, em algum momento da vida, investir em imobiliário em Portugal, seja na sua região de origem, para férias ou já planeando um dia regressar, seja nas regiões do país com maior potencial para a rentabilização desse investimento, opção esta cada vez mais procurada.
Essa tradição de investimento em imobiliário é muitas vezes reforçada em momentos de crise, pois é seguramente uma das formas mais seguras, senão a mais segura, de reserva de valor e constituição de património.
De qualquer forma, perante tantos acontecimentos recentes com impacto forte na sociedade em geral, e com mais algumas nuvens cinzentas que se apresentam no horizonte, é natural que existam algumas dúvidas sobre o momento certo para investir.
Vamos aqui procurar clarificar algumas das questões que preocupam potenciais investidores neste momento, especialmente aqueles que necessitam de recorrer a crédito para viabilizar esse investimento.
Será 2022 um bom ano para investir em imobiliário em Portugal?
É certo que existem sempre diversos fatores e acontecimentos a nível local ou global com impacto potencial na nossa capacidade de gerir saudavelmente um contrato de crédito hipotecário, como por exemplo:
- um aumento brusco do desemprego que nos possa afetar e colocar em causa a nossa capacidade de cumprir com os encargos da dívida;
- um período de crise no sector imobiliário que leve a uma queda forte e(ou) prolongada dos valores dos imóveis e rendas.
Ora, neste momento, na maioria dos países europeus e em especial em Portugal vivemos um momento bem diferente, estamos numa fase de crescimento económico após os efeitos “bruscos”, mas curtos no tempo, da pandemia. Temos níveis de empregabilidade elevados e assim deveremos continuar nos próximos tempos, as famílias recuperaram liquidez e reservas (poupança), estando agora em melhores condições, em geral, de avançar para a compra de um imóvel.
Em termos do mercado imobiliário em Portugal, estamos, desde 2015, num período alargado de forte crescimento de preços, mas também da procura, volume de vendas e crédito habitação, mesmo durante os anos de pandemia o mercado mostrou grande resiliência e manteve a tendência. Não há indícios claros de inversão deste ciclo no horizonte temporal mais próximo, pelo que a resposta a esta questão é sim, continua a ser um bom momento para investir em imobiliário em Portugal.
Quais são as principais ameaças para uma decisão de compra de casa em Portugal?
Não estaremos longe da verdade ao concluir que a principal ameaça vem dos efeitos diretos e indiretos do aumento da inflação.
Estamos a viver, globalmente, não só em Portugal, um período de aumento acelerado da inflação, resultado de uma “tempestade perfeita” de várias causas “quase” simultâneas que têm contribuído para avolumar esse fenómeno, tais como o aumento drástico de liquidez na economia em resultado das políticas europeias para a recuperação rápida pós-Covid, crise de abastecimento, em grande parte com origem no extremo oriente e em especial na China, ainda como resultado do período pandémico, e com reflexo generalizado no aumento de preços por via de constrangimentos logísticos, e por fim junta-se o efeito da guerra na Ucrânia, com impacto forte nos custos energéticos e alimentares. Não há indícios de que este ciclo de inflação possa prolongar-se muito no tempo, podemos inclusive ter alguma esperança de que isso não aconteça, dadas as características das suas causas.
O impacto da inflação nos mercados imobiliário e de construção vem, tanto por:
- via direta, pelo aumento dos custos de construção, que colocam pressão sobre os preços das novas construções e obras, e também pela pressão no rendimento disponível das famílias, com impacto na avaliação de risco na apreciação da viabilidade dos dossiers de crédito hipotecário;
- via indireta, pois normalmente o combate a esse fenómeno de inflação resulta no aumento generalizado das taxas de juro, e consequentemente nas taxas utilizadas como referência para os créditos hipotecários, nomeadamente a Euribor que é utilizada em Portugal na maioria destes créditos.
As taxas de juro estão a subir, o que significa?
De facto, devido às causas aqui referidas, as taxas de juro, que estão a níveis ainda historicamente baixos, tendem a começar gradualmente a subir, tanto no caso das taxas de juro passivas, que são as que os bancos pagam nos depósitos e aplicações, como as taxas de juro ativas , que são as cobradas pelos bancos nos empréstimos.
O aumento das taxas de juro passivas, que resultam na melhor remuneração dos depósitos e aplicações, até podem ter um efeito positivo na evolução futura do investimento imobiliário, uma vez que leva as pessoas a transferirem fundos de consumo para poupança, que por sua vez poderá representar o capital próprio necessário para esses investimentos futuros.
Por seu lado, o aumento das taxas de juro ativas correspondem ao aumento das taxas de juro cobradas pelos bancos em todos os empréstimos, incluindo os créditos hipotecários, provocando o aumento das prestações dos empréstimos baseados em taxas variáveis.
No entanto, como as taxas de juro de referência para créditos hipotecários estão ainda a níveis historicamente baixos, isso torna os encargos desses créditos ainda bastante “baratos”, pelo que o momento é bastante favorável caso se queira avançar agora para aquisição de imóvel em Portugal, até porque, para aqueles com maior aversão e sensibilidade a riscos futuros, existem opções, como taxa fixa ou mista.
Taxa fixa ou variável no contexto atual?
A questão que se coloca é relativamente simples de compreender, mas a escolha entre as duas taxas é muito pessoal.
Sabendo de antemão que a prestação de crédito com taxa variável flutua com as variações da taxa à qual está associado (normalmente a Euribor), devemos estar preparados para a taxa subir ou descer ao longo do contrato.
No caso dos créditos com taxa fixa, ainda que começando o contrato de crédito com uma prestação maior, temos a segurança de uma prestação constante ao longo de todo o contrato, evitando surpresas desagradáveis.
Em Portugal, a maior parte dos contratos de crédito hipotecário está associada a taxa variável indexada à Euribor, o que tem beneficiado os detentores desses contratos de crédito nestes anos de taxas de juro continuamente baixas.
O nosso conselho é que, neste período no qual se espera uma subida gradual das taxas de juro, no momento de escolher a melhor solução para crédito hipotecário, se possa olhar com mais atenção às soluções disponíveis, contratos com taxas variáveis, fixas ou mistos, de preferência com a orientação de um profissional. Mas como foi referido esta decisão depende do perfil de cada um.
Que decisão devo tomar?
Concluindo, se tem em mente adquirir um imóvel em Portugal com recurso a crédito hipotecário, podemos afirmar com elevado grau de confiança que é um bom momento para avançar, porque as condições (custo do crédito) estão extremamente favoráveis.
Mesmo perante algumas nuvens cinzentas que se apresentam no horizonte, aqui pensando naqueles mais sensíveis ao risco, há soluções que nos protegem ao longo de todo o contrato de crédito. Pode inclusive ser uma boa opção avaliar a possibilidade de antecipar o investimento em imobiliário, e consequente crédito hipotecário. Desta forma, garante melhores condições iniciais e ao longo do contrato, antes que, de facto, as taxas de juro comecem a subir.
O investimento imobiliário é um momento de extrema importância na vida de qualquer cidadão, mas é ainda mais importante quando estamos longe do nosso país de origem. Teremos todo o gosto em dar-lhe a orientação necessária para o seu investimento e acesso a crédito em Portugal, caso entenda contactar-nos.