O acto de poupar é um dos conceitos mais simples e intuitivos da nossa vida económica, trata-se de retirar uma parte do valor ao consumo ou investimento presente, guardando-o para consumo ou investimento futuro.
A poupança é uma preocupação que deve estar sempre presente na nossa vida activa. O nosso nível de rendimento, e consequentemente a capacidade de fazermos face às despesas, não é constante ao longo da vida, há naturalmente períodos de maior dificuldade e outros de maior desafogo. O mais comum é que um trabalhador, no início da sua vida ativa, começa com um determinado rendimento, que tende a ir aumentando gradualmente, atingindo um valor mais elevado com a maturidade profissional, voltando posteriormente, por altura da reforma, a reduzir.
Para que tenhamos uma vida mais tranquila, sem sobressaltos, a nível económico, devemos justamente aproveitar os períodos de vida em que o rendimento nos permite alguma folga em relação às despesas necessárias, reservando uma parte desse rendimento para fases futuras da vida, salvaguardando-nos também de alguma possível surpresa desagradável.
Outro motivo para pouparmos é a reserva de capital próprio para um “sonho” ou projecto futuro, seja para um investimento imobiliário ou em tecido produtivo.
Adicionalmente, e em particular em períodos de inflação, como o que actualmente vivemos, a transferêcnia de poupança ou reservas para aplicações financeiras ou outros produtos com rentabilidade própria é uma importante forma de refúgio para compensar os efeitos da inflação nos depósitos (especialmente depósitos à ordem), e é justamente em relação a esta questão é que todos devemos estar especialmente atentos no actual panorama económico.
O que devo considerar ao escolher uma solução de poupança?
De uma forma geral, e simplificada, há alguns fatores principais de uma aplicação aos quais devemos estar atentos:
- Rentabilidade: remuneração esperada de uma determinada aplicação. Por exemplo, se o nosso objetivo é tirar fundos que estão em depósito à ordem para prevenir efeitos de inflação, colocá-los num depósito a prazo, cujos juros pagos têm sido baixos e ainda não começaram propriamente a subir, é capaz de não ser a melhor solução, pois existem de momento no mercado alternativas com rentabilidades bastante mais atrativas.
- Risco: conceito associado à possibilidade de se poder perder parte do dinheiro investido. Devemos sempre fazer uma aplicação devidamente informados do risco inerente ao produto, que vai desde quase zero, para o caso das aplicações da capital garantido, a risco mais elevado, quando aplicamos o dinheiro em acções de empresas, por exemplo. Normalmente, quando maior é o nível de risco associado a um produto, maior poderá ser o ganho potencial. O perfil de risco que se assume ao contratar uma aplicação dependerá do perfil do próprio investidor, objetivo, ou momento em que se está a aplicar.
- Fiscalidade: enquadramento de uma determinado produto em termos de impostos. Existem produtos com fiscalidade favorável ou beneficios fiscais inerentes. Exmplo: Planos Poupança Reforma beneficiam de fiscalidade favorável, como incentivo do Estado à previdência privada.
- Liquidez: tem que ver com a possibilidade, custo, simplicidade e rapidez inerentes ao momento no qual estamos a levantar um fundo. Temos desde um produto com liquidez máxima, como os depósitos à ordem até produtos com elevada restrição de liquidez ou mesmo a impossibilidade de levantamento antecipado.
Quais são as melhores opções de poupança neste momento?
Para este objetivo preventivo, de salvaguardar os fundos que temos em depósitos à ordem de futuras depreciações por via dos efeitos da inflação, pode ser interessante pensarmos em produtos alternativos que assegurem simultaneamente elevada liquidez, afinal estamos a falar de fundos que estavam à ordem, que são as nossas reservas e que podem ser necessários a qualquer momento, que tenham uma rentabilidade interessante, a ponto de compensar parcial ou totalmente os efeitos depreciativos da inflação e também, caso seja possível, com enquadramento fiscal favorável, de forma a conseguirmos obter anualmente, e também no fim, benefícios fiscais.
Considerando estas características, há um largo conjunto de produtos disponíveis no mercado português, geralmente disponibilizados pelos bancos ou seguradoras, como por exemplo os PPRs, que podem representar uma boa opção para iniciar a constituição de uma poupança de refúgio e para a vida.
Em alternativa, pode também ser interessante estarmos atentos a produtos com a rentabilidade indexada às taxas de juro de referência, como certificados de aforro ou títulos do tesouro.
Em geral, um bom conselho é sempre o de que o momento de aplicarmos as nossas poupanças é sempre um exercício de equilíbrio, no qual devemos escolher o que se adequa melhor ao nosso perfil, ao momento em que vivemos e de preferência não colocando os “ovos todos no mesmo cesto”.
Finalmente, nestes momentos de maior incerteza, pode ser sempre importante equacionarmos a consulta a um especialista para melhor orientação.